Eu
acho engraçado como a gente consegue mudar tanto em um ano. Em meio ano. Faz
muito tempo que eu não sento e paro para escrever um texto, sendo que isto era
algo tão recorrente na minha vida, algo que eu valorizava tanto. Algo do qual
eu realmente tinha orgulho.
Ok. Tem
um ponto. Eu geralmente escrevo quando eu sinto que eu estou tão angustiada que
eu não consigo lidar com os meus pensamentos sozinha, e eu então escrevo, buscando
compartilhar o que eu sinto com alguém, mesmo que seja com a Mayara do futuro
(que lerá esse escrito umas dez vezes depois de tê-lo terminado de escrever). E
o que aconteceu foi que existiram poucos momentos nesse semestre, especificamente,
que eu me senti angustiada dessa mesma maneira, coisa que era muito recorrente
anteriormente. Aconteceram coisas comigo, coisas na minha vida, que me
preencheram de uma sensação de conforto e satisfação que eu nunca havia
sentido, pelo menos não por tanto tempo, na minha vida inteira. E isso é ótimo!
Realmente, isso é maravilhoso!
Mas
tem um outro ponto, que eu só percebi hoje, nesse momento, depois de ter
assistido esse vídeo incrível do João Bertoni. Foi somente depois de eu ter
ouvido as palavras dele, exatamente após eu ter sentindo uma sequência de
sensações que eu não deveria estar sentindo (inveja – tristeza – vazio – culpa),
que eu tive uma percepção sobre mim: eu me afastei muito de mim mesma nesses
últimos tempos.
Parar
o que eu estava fazendo, sentar e escrever era um dos maiores momentos em que
eu estava comigo mesma, buscando me aproximar de mim mesma. E eu parei de fazer
isso, gradativamente, até que eu parasse totalmente e nem sequer percebesse.
Essa valorização dos momentos eu-e-eu era, sem dúvidas, uma das minhas maiores
conquistas do ano passado, e em pouco menos de um semestre eu me afastei tanto
de mim...
Não
digo que tenha sido totalmente culpa minha, na verdade eu tenha a consciência de
que não foi. O contexto em que eu vivi esse ano acabaram por ter uma grande
influência nessa mudança: o fato de eu dividir quarto, estar compartilhando uma
casa com mais três meninas, o acúmulo de trabalhos em grupo cobrados pela
faculdade, estar vivendo meu primeiro relacionamento amoroso. E eu enfatizo,
nada disso é ruim, pelo contrário, foram e estão sendo experiências tão
maravilhosas! Mas eu não posso negar que de fato eu me afastei muito de mim mesma
nesse semestre, e eu quero resgatar essa relação comigo mesma que eu sentia que
antes eu estava construindo.
Eu lembro
que uma das minhas metas de 2018 era justamente relacionada a esse tipo de valorização
de mim mesma: ir ao cinema sozinha. E hoje eu percebo que eu tive várias
oportunidades para poder cumpri-la, mas que sempre optei pela companhia dos outros
a ir sozinha. Pois bem, retomo essa meta então para 2019. Ir ao cinema sozinha,
sem pressa, querendo aproveitar todo aquele momento sozinha, buscando não me
sentir solitária, com vergonha de estar sozinha, e tentar sentir-me feliz,
completa, em paz, com a minha presença. Somente com a minha presença.
Pois bem, cá está o desafio: buscar a reconexão comigo mesma.
Challenge accepted?
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