28/09/2016

Grandes navegações: num mar de incertezas


   É difícil explicar, aliás, nem sei muito bem o que eu quero dizer. No entanto, as coisas sempre começam assim, não é mesmo? Em um momento você está querendo uma coisa, aí de repente essa coisa acontece e pronto, você não a quer mais! Posso voltar para a minha zona de conforto?
   Fecho os olhos, abro os olhos. Por que eu sempre tenho que complicar as coisas? Por que não posso simplesmente deixar os momentos fluírem, como um balão que se solta e voa para o infinito? Sempre tem que ter alguém segurando esse fio que o segura, que o prende ao racional. Eu preciso pensar, preciso raciocinar, preciso elaborar, preciso esquematizar, não posso improvisar. Isso é frustrante!
   Já passei da fase onde eu não conseguia não seguir um roteiro pré-estabelecido, mas minha mente parece que permanece nessa tentativa, de querer me fazer voltar atrás. 
   Não consigo agir por mim mesma. Poxa, por que as coisas tinham que acontecerem dessa maneira? Já basta ter que tentar cuidar dos meus pensamentos, mas agora também quero manipular as de uma outra pessoa. Por que resolvi dar a iniciativa? Porque fui sair da minha zona de conforto?
   Não me contento com um, quero todos. É engraçado isso. É o meu ego, quero conquistar, tentar e tentar. Sou gananciosa, para que? E o pior, o mais irônico, é que antes eu nem pensava em tentar, já desistia antes. Porém, agora que as coisas finalmente acontecem, me desce toda essa coragem, e quero mais. Por que nunca estou satisfeita?
   Odeio me prender a alguma coisa. Afinal, passei tanto tempo presa que não suporto mais essa ideia. Libertei-me, e agora só quero voar, e voar, como o balão que voa, cada vez mais alto. Quero voar mas não consigo, libertei-me mas ainda me sinto presa. Existe alguma lógica nisso tudo?
   Coisas que eu tanto queria antes, talvez agora eu nem queira mais. Sinto-me um ser em meio a sucessivas metamorfoses, que não suporta mais a inércia, quer o movimento. Que não se contenta mais com o conforto, quer o desafio. Que não aguenta mais a rotina, aliás, a agoniza. Sinto-me como um mar de incertezas, e, por mais que isso me perturbe um pouco, eu gosto disso. 
   Odeio não saber o que estou sentindo. Odeio me sentir presa a algo. Odeio pensar que talvez eu esteja adiando algo que deve ser feito. Odeio pensar que talvez eu esteja me iludindo. Odeio saber que posso estar iludindo alguém. Odeio não me contentar com o que tenho. Odeio não conseguir manipular meus sentimentos. Odeio estar tão instável. 
   Mas, no final de tudo, a vida é assim. Num momento tão instável, onde o futuro agora já é tão incerto, seria impossível estar estável. 
   Sinto-me uma pedra fumegante, e uma certeza eu tenho: eu não quero que essa chama se apague. 
   Nunca.
   Não, apesar de toda essa miscelânea de sensações e perturbações, eu definitivamente não quero voltar para a minha zona de conforto. Não posso, não irei. Nunca mais.

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